Flonheim, a origem dos Fischer na Alemanha

Imagem ilustrativa da cidade de Flonheim na Alemanha no século 19

Martin Fischer, patriarca da Família Fischer, é originário de  Flonheim, Alzey-Worms, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha. 

Flonheim é uma cidade mercantil, abaixo de uma área de proteção paisagística charmosa. A riqueza de Flonheim mostrada em edifícios deve-se essencialmente à indústria de pedreiras outrora florescente, que após a Segunda Guerra Mundial, deu lugar à produção de pedra artificial.

Praça do mercado e igreja protestante em Flonheim
Praça do mercado e igreja protestante em Flonheim

História

Tempo romano
Pedreiras romanas de Flonheim forneceram o arenito de quartzo para as esculturas agora mantidas no Museu Alzeyer (incluindo o Viergötterstein). Existem ricos achados de túmulos do período da Francônia, por exemplo, um túmulo principesco (século 7) com extenso e valioso armamento, incluindo uma longa espada com cabo revestido de ouro. Em 767, o lugar é mencionado como “Flonenheim”, mais tarde entre outras coisas como “Flanheim” (= residência do Flano). Desde o início do período merovíngio, Flonheim foi a sede da nobreza. 

O arenito foi extraído na parte sul do distrito de Flonheim já nos tempos romanos. Isso pode ser visto pelo fato de que, por exemplo, muitos monumentos de pedra romanos de Alzey foram feitos com arenito Flonheim. Devido à boa localização de Flonheim na estrada romana Worms-Alzey-Bingen, as pedras extraídas puderam ser removidas rapidamente. Não foi esclarecido de forma conclusiva se, além da pedreira romana, havia também um assentamento romano na área atual da aldeia. Até agora, apenas um túmulo foi encontrado na antiga “Heidenplatz”, o que pelo menos indica a existência de mansões.

A família Emichonen (posteriormente “Condes de Flonheim”) governou (“Amt Flonheim”, incluindo Uffhofen, Bornheim, Lonsheim) desde 960. Por volta de 1133, o conde selvagem Emich II fundou o Mosteiro dos Cânones Agostinianos de Santa Maria (onde – lembre-se também dos nomes “Klostergasse” e “Klostereck”). Por volta de 1300, o local foi cercado por uma muralha defensiva, que também é indicada pela planta da cidade com o anel viário. O domínio subseqüente dos Condes de Reno durou até 1792. 

Desde 1744, o endividado e despótico Magnus Rheingraf zu Rheingrafenstein era o senhor de parte do lugar. Distrito de Uffhofen: o nome veio de uma fazenda abaixo da vila de Flonheim (no sentido de “uff” = abaixo ou “uf Hofen” = ir em direção à fazenda). 

Idade Média
O nome que termina em “-heim” e alguns túmulos encontrados na área da aldeia indicam que a aldeia foi fundada pela Francônia há cerca de 500 anos. Foi mencionado pela primeira vez em 765/67 no Lorsch Codex como “Flan (n) nenheim” (lar do Flano).

No início da Idade Média, a aldeia pertencia aos Wildgrafen como Bornheim e Uffhofen. Em 1098 e 1139, eles são passados ​​como “comes de Vlanheim”. Em 1283, Wildgrave Gottfried von Dhaun era o senhor local. Depois que essa linha foi extinta em 1350, a comunidade veio para a linha de Kyrburg. Em 1368, Wildgrave Friedrich von Kyrburg prometeu sua parte nas áreas administrativas de Bornheim, Flonheim e Uffhofen por um curto período de tempo ao Conde Palatine Ruprecht I. Mais tarde, Flomborn, Bornheim e Uffhofen caíram para os herdeiros de Kyrburg, os  príncipes von Salm e os Condes de Reno von Grumbach. A partir de 1506, a cidade mercantil era a agência dos correios de Thurn and Taxis Post Office. O escritório de Flonheim, que esteve nas mãos do Conde do Reno desde cerca de 1409, com as suas localizações administrativas Bornheim, Flonheim e Uffhofen, durou até a ocupação francesa no final do século XVIII. Em 1744 os direitos foram definidos contratualmente através do escritório. Três quartos foram para os condes selvagens e do Reno de Dhaun, um oitavo para o príncipe Salm-Salm e outro oitavo para o  príncipe Salm-Kyrburg.

Um mosteiro de coro agostiniano , fundado pelo conde selvagem Emicho II como governante local  em 1131, que foi confirmado papalmente em 1162, foi dissolvido em 1554 durante a Reforma .

Em 1724-28 a igreja simultânea foi substituída por um novo edifício, que por sua vez foi substituído em 1881-1885 pela igreja protestante, que ainda existe hoje. Uma igreja católica foi construída anteriormente em 1877/78.

Uma população judia em Flonheim no início do período moderno pode ser comprovada pela sinagoga construída em 1786, que foi demolida em 1979. O cemitério judeu da cidade, ocupado até cerca de 1830, provavelmente também data do século XVIII. Sua localização é excepcional para um cemitério judeu, pois estava dentro das muralhas da cidade. 

Tempos modernos
No século 19, a demografia da vila cresceu continuamente. Em 1815 havia 1242 habitantes, em 1830, 1550 e 1900, 1818. Em 2011 o local contava com 2.636 habitantes.

A mineração e o processamento de arenito foram industrializados no século 19 e cresceram para se tornar o fator econômico central em Flonheim. Em 1808 trabalhavam nas pedreiras 460 pessoas, depois de meados do século eram mais de 1000 e também havia 30 pedreiros na aldeia. A construção do ramal Armsheim-Flonheim em 1871 tornou mais fácil o transporte desses bens econômicos. Como a estação ferroviária ficava perto das pedreiras isto facilitava, agora está um pouco longe do centro da cidade. 

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, este ramo da indústria começou a declinar e a viticultura tornou-se o fator econômico mais importante. Em 1892, a construção da adega da vinícola Werner foi concluída e em 1888 a fábrica de vinagre Köhler foi fundada.

Pontos importantes
Numerosas belas casas barrocas com portais de arenito e interessantes entalhes em pedra (único em Rheinhessen, devido à indústria anterior de arenito), principalmente em restaurantes anteriores (Flonheim era a estação de retorno do Leinereiter), especialmente em Langgasse (a casa mais antiga de 1568) e Alzeyer Straße.

Câmara municipal (séc. XVII), hall no rés-do-chão com portais e núcleos de venda, torre de escadas. Impressionante praça do mercado com uma igreja de duas torres que é extraordinariamente poderosa para tal lugar, visível de longe (“Catedral do Vale de Wiesbach”). Mãe de Deus na versão antiga, por volta de 1750 no altar lateral neo-gótico da Católica.

Brasão do Conde do Reno na empena renascentista do prédio da escola, Bahnhofstrasse. Casas de vinhedos em forma de granada (edifícios em cúpula) feitas de arenito Flonheim de cor clara (“casas brancas”, também chamadas de “trulli”, dois aindares disponíveis), cuja construção é atribuída a construtores Lombard (Bergamo?), com aproximadamente 800 anos; estruturas peculiares particularmente características desta região, supostamente ainda ocorrendo como edifícios residenciais no sul da Itália.

Prensa de pedra (arenito) de 1870 em frente à cabana “Schauinsland”. Trilha educacional da natureza e do vinho. Pedreiras de arenito. No bairro de Uffhofen: moinho fantasma romanticamente situado na estrada para Wendelsheim. Aulheimer Grund (nome devido ao povoado submerso) com uma flora particularmente interessante. Pedreiras e poços de areia. No Museu Municipal de Worms: Achados do já mencionado “Túmulo do Príncipe”.

Arredores
Para a área de proteção paisagística “Alzeyer Berg” com cabana “Schauinsland” e “Donnersbergblick”, na área da antiga pedreira, sob proteção da natureza desde 1962, rodeada de vinhedos (trilhas educacionais da natureza e do vinho) – para Oswaldhöhe (Bornheim) e na torre de observação perto de Lonsheim – para Aulheimer Grund (acima de Geistermühle, caminho de campo ramificando-se para a esquerda): ambiente extremamente seco e quente, solo rochoso, rochas ígneas basálticas, “clima de microestepe”, Rabenkanzel como um local para plantas raras de urze, estepe de grama; entre Bornheim e Heimersheim correndo vale seco.

Trullo, uma construção típica de Flonheim
Trullo, uma construção típica de Flonheim

Flonheim é uma pequena cidade localizada na Renânia-Palatinado, Alemanha, conhecida principalmente por sua vinicultura. A história de Flonheim é rica e remonta a tempos antigos, com evidências de ocupação humana que datam de períodos pré-históricos.

Flonheim foi mencionada pela primeira vez em documentos históricos por volta do ano 766. A região já era habitada por celtas e depois por tribos germânicas antes da chegada dos romanos. Durante o período romano, a área era parte da fronteira do Império Romano, conhecida como Limes Germanicus. A presença de túmulos romanos e outros artefatos arqueológicos sugere uma ocupação significativa durante esse período.

No período medieval, Flonheim estava sob a influência de vários senhorios, incluindo o Eleitorado de Mainz, que era um dos mais poderosos estados eclesiásticos do Sacro Império Romano. A igreja local, a Igreja de São Remígio, é um exemplo do legado arquitetônico deixado por essa época, com partes da construção datando do século 12.

Durante a era moderna, Flonheim desenvolveu-se consideravelmente, especialmente no que diz respeito à produção de vinho. A viticultura tem sido a espinha dorsal da economia local por séculos, com a região sendo parte do famoso vinho alemão de Rheinhessen. A paisagem ao redor de Flonheim é pontilhada com vinhedos, e a cidade é conhecida por seus vinhos brancos, particularmente Riesling, Silvaner e Müller-Thurgau.

Fontes:
Regional Geschichte
Museu Flonheim

Martin Fischer quase emigrou para os EUA e não para o Brasil

Patriarca da família Fischer no Brasil, Martin Fischer tentou emigrar para os EUA, cerca de 10 anos antes de sua vinda para o Brasil. É o que consta em uma recente descoberta feita por Heitor Fischer, durante suas pesquisas.

Em contato com o Arquivo do Estado da Renânia Palatinado, obtivemos uma resposta interessante sobre Martin Fischer. Consta nos arquivos de emigração de Flonheim, no inventário H 51 do Distrito de Alzey, que o entalhador Martin Fischer, de Flonheim, de 33 anos de idade, em 30 de março de 1837, fez um pedido para que sua família emigrasse para a América do Norte.

As seguintes pessoas são especificadas como membros da família:

Catharina Elisabetha, nascida Stumpf, sua esposa, com 43 anos de idade
Anton, filho, 14 anos de idade
Johann Jacob, filho, 12 anos de idade
Johann Martin, filho, 08 anos de idade
Friedrich, filho, 05 anos de idade
Heinrich, filho, 03 anos de idade

O conselho distrital do Distrito de Alzey não levantou objeção ao pedido, no entanto, não está claro nos documentos se Martin Fischer e sua família realmente emigraram para a América do Norte em 1837. Não encontramos documentos que comprovem a saída da Alemanha, tão pouco que mostre a entrada nos EUA. Ao que tudo indica eles desistiram da viagem ou tiveram algum problema que impediu a emigração.

Documento do Arquivo do Estado de Hessen com a autorização de emigração de Martin Fischer e família em 1837
Documento do Arquivo do Estado de Hessen com a autorização de emigração de Martin Fischer e família, para os EUA, em 1837

Transcrição e tradução: Registro – por Martin Fischer, pedreiro em Flonheim, onde mora com sua família, quer emigrar para a América do Norte. Apareceu perante mim Martin Fischer, pedreiro, explicando que ele junto com sua família deseja para a América do Norte emigrar e se submeter aos regulamentos e leis. Para que nenhum obstáculo tenha aos seus projetos, sua família é constituída pelas seguintes pessoas: 1. Martin Fischer, entalhador, 33 anos. 2. a esposa, Katharina Elisabetha, nascida Stumpf, 43 ano de idade. 3. Anton, 14 anos de idade. 4. Johann Jacob, 12 anos.5. Johann Martin, 8 anos. 6. Friederich, 5 anos de idade. 7. Heinrich 3 anos. Depois de ler sua declaração ao declarante, ele assinou comigo.

Em 1837 ainda não havia nascido dois filhos mais novos de Martin Fischer e Katharina Stumpf. Por isso Catharina Fischer e Philipp Fischer não constam na lista citada acima. Ela nasceu em 1837 e pode inclusive ter sido o motivo dos pais não terem emigrado para os EUA, temendo o risco de viajarem com Catharina Stumpf gestante. Já Philipp nasceu em 1843, quando Catharina Stumpf estava com 49 anos, um fato também incomum pela idade avançada.

Não foram encontrado registros oficiais da vinda da família para o Brasil, mas fato é que Martin Fischer teria sido recrutado pela Vergueiro e Cia em 1846, como consta no livro de abertura da colônia Ibicaba e teria chegado com a família em 1847.

*Colaborou com informações Heitor Fischer

Martin Fischer um patriarca da família Fischer no Brasil

Indícios mostram que Martin Fischer é um dos patriarcas pioneiros da família Fischer no Brasil e ainda mais se considerarmos apenas o estado de São Paulo. Ele teria chegado no Brasil em 1 de junho de 1847, como contratado pela Vergueiro e Cia, para trabalhar como colono, em regime de parceria, na Fazenda Ibicaba, em Limeira.

Ainda não conseguimos encontrar documentos que comprovem de fato que este Martin Fischer da Fazenda Ibicaba é o nosso antepassado, mas há fortes indícios de que seja ele. Há pouquíssimos documentos sobre esse período, o que dificulta a comprovação.

Além do registro no livro de abertura da Colônia Vergueiro, onde há o nome de Martin Fischer, nesta página há um indivíduo de nome Martin Fischer que emigrou em 1846, mas não se sabe para onde. Na primeira lista de Ibicaba há apenas os nomes dos chefes de família e nada mais, o que dificulta as pesquisas. Já em listas posteriores da Colônia há o local de origem, profissão, estado civil e o nome da esposa e ainda os dos filhos.

Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846

Os registros de emigrantes, na Alemanha daquela época, eram de forma incompleta; geralmente as licenças para saírem do país, assim como os passaportes, eram dos grupos familiares e, até onde sabemos, nem sempre mencionavam o nome das esposas ou dos filhos. Assim como na Alemanha, os registros de imigrantes no Brasil, daquela época, eram precários ou inexistentes.

Segundo o autor José Eduardo Heflinger Jr. em seu livro Ibicaba o berço da imigração europeia de cunho particular (pag. 37, 38, 39 e 40), ele cita que em 1846 o Senador Nicolau de Campos Vergueiro, a pedido do governo imperial do Brasil, tendo em vista o eminente fim da escravidão, empreendeu a busca por imigrantes interessados em virem para o Brasil, iniciando a substituição do trabalho escravo pelo trabalhador livre. O fato da Alemanha na época viver um período de grave crise, com falta de emprego, fome e frequentes conflitos internos e externos, motivava o alemão a ter interesse pela proposta de vida nova na América do Sul, mas segundo o autor, o interesse era maior da classe média urbana e não do pobre camponês, que vivia na roça e tinha medo de enfrentar o desconhecido. Por isso, muitos dos imigrantes que vieram para Ibicaba não eram lavradores, mas sim trabalhadores urbanos como marceneiros, serralheiros, sapateiros, ferreiros, pedreiros, entre outros.

A proposta de trabalho para o imigrante era o regime de parceria, no qual o contratante, no caso a Vergueiro e Cia, custeava a viagem do imigrante e seus familiares, que já saiam da Alemanha contratados, mas teriam que pagar essa dívida depois. Cerca de 450 pessoas, de várias partes da Alemanha, mas principalmente da Renânia e do Holstein, foram recrutadas na Alemanha e reunidos na cidade de Mainz. De lá foram para o Porto de Hamburgo, por onde deixaram a Europa em março de 1847. Ao chegarem no Brasil, em junho de 1847, desembarcaram no Porto de Santos 422 pessoas, sendo que 401 colonos foram encaminhados para a fazenda Ibicaba, onde tinham 34 casa aguardando para abriga-los. Na fazenda foram destinados a eles um pedaço de terra onde deveriam plantar ítens básicos para alimentação como feijão e arroz, no entorno da casa poderiam criar animais como porcos e galinhas. Outros alimentos eram vendidos para o colono numa espécie de armazém que havia dentro da própria fazenda. Cada família recebeu um número de pés de café que deveria cuidar. Parte do valor fruto das colheitas do café ficava para o fazendeiro e parte para o colono. Este dinheiro o colono usava para seu sustento e também para quitar sua dívida com o contratante. 

Depois de alguns meses na colônia, alguns imigrantes já celebravam a vida no Brasil e escreviam cartas para a Alemanha, contando como era a vida no novo país e muitas vezes convidando outros familiares para também emigrarem. Martin Fischer foi um dos colonos que escreveu uma carta para a Alemanha, em 1848, relatando como era a vida em Ibicaba e manifestando contentamento com o regime de parceria. Mas esta carta ainda não encontramos, seguimos em busca dela.

Apesar de não termos um documento que comprove, as pesquisam levam a crer que este Martin Fischer de Ibicaba seja o Martin Fischer casado com Catharina Elizabeth Stumpf. Este casal emigrou para o Brasil antes de 1851, prova disso é que um filho deles se casou nesse ano, em Limeira. Tal indício colabora para nossa hipótese de coincidência entre os Martin, que muito provavelmente se tratam da mesma pessoa.

Martin Fischer
Martin Fischer

Martin Fischer e Catharina Elizabeth Stumpf tiveram sete filhos que emigraram com eles para o Brasil:

Anton Fischer (1823-1884)

Johann Jakob Fischer (1825-?)

Johann Martin Fischer (1829-1912)

Friedrich Fischer (1831-?)

Heinrich Fischer (1834-?)

Catharina Fischer (1837-1892)

Phelipp Fischer (1843-?)

Martin Fischer nasceu em 1804 e sua esposa Katharina Elizabetha Stumpf em 1794. A diferença de 10 anos entre eles e no caso a esposa mais velha que o marido, embora pareça algo estranho, era comum na época.

Quando o casal emigrou com os filhos da Alemanha para o Brasil eles moravam em Flonheim, Alzey-Worms, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha. Ali eles se casaram e tiveram seus filhos, mas não conseguimos confirmar, ainda, se eles são naturais dessa localidade.

Sobre o matrimônio do casal conseguimos encontrar um documento de 22 de maio de 1832, uma espécie de revalidação do casamento. O registro, em alemão, é da igreja de Flonheim.

Casamento Martin Fischer e Catharina Stumpf
Casamento Martin Fischer e Katharina Stumpf

Transcrição e tradução: Após inscrição no registro matrimonial da paróquia civil de Flonheim, de acordo com a certidão do prefeito local, o casamento entre Martin Fischer de Flonheim e Katharina Elisabeth Stumpf de Flonheim, foi celebrado no dia vinte e dois de Maio de 1832 e foi publicamente abençoado pelo pastor protestante de Flonheim, após a proclamação ordinária anterior, hoje no dia vinte de dois de Maio de 1832.

Uma curiosidade sobre Martin Fischer e sua família é que antes de emigrarem da Alemanha para o Brasil, eles tentaram emigrar para os EUA, em 1837, mas por algum motivo ainda desconhecido, eles não se mudaram para a América do Norte e 10 anos depois, em 1847 desembarcaram no Brasil.

Cerca de 10 anos depois do início da Colônia Vergueiro, em 1857, aconteceu a revolta dos colonos, liderada por Thomas Davatz, como consta no livro Memórias de um Colono no Brasil. Os revoltados acusavam o regime de parceria de ser injusto e impor aos colonos uma situação de escravidão por dívida. Os colonos descontentes relatavam que com o valor que recebiam da parte que lhes cabia na colheita, mais o alto custo dos produtos adquiridos por eles no armazém da fazenda, era impossível quitarem a dívida com o contratante e ficarem livres para viverem suas vidas onde quisessem. Este fato com grande repercussão na Europa, obrigou o senador Vergueiro a comprovar que a vida dos colonos na fazenda não era tão ruim e para isso precisou demonstrar através de dados, que muitos imigrantes haviam quitado suas dívidas e deixado a colônia, livres para viverem suas vidas nas cidades e alguns deles com dinheiro suficiente para adquirirem propriedades. 

Este foi o caso de Martin Fischer, que é citado na lista enviada pelo Senador Vergueiro, que consta no livro Revolta dos Parceiros de Ibicaba (pág. 62) como um dos colonos que em 1857 já havia deixado a colônia Ibicaba com dinheiro e tinha propriedade. Ou seja, embora alguns colonos pudessem ter enfrentado dificuldade que motivaram a revolta, outros, especialmente aqueles em idade ativa, com saúde e família numerosa, com muitos filhos já em idade para trabalhar, conseguiram quitar suas dívidas com o contratante e estavam livres para viverem suas vidas como quisessem.

Não conseguimos precisar a data exata que Martin Fischer deixou a fazenda Ibicaba, mas há indícios de que no início dos anos 1850 ele já não estava mais na colônia e seu filho mais velho Anton Fischer já havia assumido uma função administrativa na colônia, como cita o autor José Sebastião Witter, no livro Ibicaba uma experiência pioneira (pág. 58), quando diz que de 1850 até 1867 os diretores de origem alemã Adolph Jonas e Anton Fischer detiveram o poder.

Mas mesmo com os exemplos bem sucedidos de colonos que pagaram suas dívidas e seguiram suas vidas no Brasil, a campanha contra a imigração pelo regime de parceria causou grande repercussão na Europa, especialmente nos países germânicos, que proibiram em 1857, após a Revolta dos Colonos, a vinda, de maneira legal, de mais imigrantes. Outros grupos de emigrantes deixaram a Alemanha posteriormente a proibição, mas muitos de maneira ilegal, sem a aprovação do governo local. Essa dificuldade maior para os recrutadores, fez com que eles fossem obrigados a buscar outros povos interessados na vinda para o Brasil. Foi então que começou a vinda dos italianos, que no final do século XIX e início do século XX povoaram o Brasil e se tornaram um dos maiores grupos migratórios do país.

Martin ou Martinho Fischer uma confusão inicial

Martinho Fischer e Martin Fischer

Quando iniciamos as pesquisas genealógicas sobre a família Fischer, descobrimos que nosso antepassado mais antigo até então, Henrique Fischer (1874-1939), era natural de Constituição, atual Piracicaba, São Paulo e filho de Martinho Fischer e Maria Dupre.

Este nome, Martinho Fischer, despertou nossa curiosidade quando descobrimos que um dos imigrantes da primeira lista de colonos da Fazenda Ibicaba se chamava Martin Fischer. Pensávamos que Martinho pudesse ser uma forma carinhosa de tratamento no diminutivo para o pai de Henrique.

Martin Fischer é um dos imigrantes recrutados em agosto de 1846 pela Vergueiro e Cia sob o contrato de trabalho no regime de parceria, para integrar o grupo de colonos pioneiros da Fazenda Ibicaba. Ele deixou o porto de Hamburgo, onde hoje é a Alemanha, rumo ao Brasil, em abril de 1847 e, depois de 42 dias de viagem pelo Oceano Atlântico, em 01 de junho, chegou em Santos, São Paulo, junto com os primeiros imigrantes contratados.

Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846
Lista dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846

Depois de uma cansativa viagem, de Santos até Limeira, no lombo de cavalos e burros, em 16 de junho de 1847, junto com 75 famílias e 364 pessoas, Martin Fischer e sua família enfim chegavam na Fazenda Ibicaba, em Limeira, São Paulo.

Vale ressaltar que nesta lista dos primeiros colonos há apenas os nomes dos chefes de família e nada mais, diferente de listas posteriores da Colônia, que trazem dados como o local de origem, profissão, estado civil, o nome da esposa e ainda os dos filhos. 

Estávamos animados com nossas pesquisas, até descobrirmos que Martinho Fischer, pai de Henrique, nasceu em 1850. Com essa informação, comprovada pelo registro de óbito dele, em 1913, aos 63 anos, em Limeira, São Paulo, descartamos a possibilidade do nosso Martinho, ser o Martin Fischer que chegou em Ibicaba em 1847.

Mas não desistimos, nossas hipóteses levavam a pensar que Martinho pudesse ser filho de Martin. Continuamos as buscas até encontrarmos o assento de batismo de Martinho Fischer nos registros do Family Search.

No documento da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores consta que Martinho Fischer nasceu em 05 de setembro de 1850 e foi batizado em 05 de outubro do mesmo ano. Ele era filho de Antonio Fischer e Izabel Barth.

Assento de batismos de Martinho Fischer
Assento de batismos de Martinho Fischer

Transcrição: No mesmo dia e igreja batizei e pus os santos olhos no menino Martinho, de idade de um mês, filho de Antonio Fischer e Izabel Barth. Foram padrinhos Martinho Fischer e sua mulher Catharina Fischer.

Este documento mostrou que Martinho não era filho do Martin Fischer de Ibicaba, mas com a informação sobre seu pai Antonio, descobrimos que ele era na verdade neto. Isso porque Antonio Fischer é na verdade Anton Fischer, um dos filhos de Martin.