A fazenda Ibicaba

A Fazenda Ibicaba, localizada no município de Cordeirópolis, no estado de São Paulo, Brasil, tem uma história rica e significativa, especialmente no contexto da imigração europeia para o Brasil. Fundada em 1826 por Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, Ibicaba tornou-se um modelo influente no desenvolvimento da agricultura no Brasil, particularmente na introdução do cultivo do café.

Nicolau Pereira de Campos Vergueiro
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro

Início e Desenvolvimento

Inicialmente, a Fazenda Ibicaba foi estabelecida para o cultivo de cana-de-açúcar e a produção de açúcar e álcool. No entanto, com a chegada de imigrantes europeus após 1840, especialmente portugueses e depois alemães e suíços, a fazenda começou a diversificar suas culturas.

Imigração e Sistema de Parceria

Em meados do século XIX, Nicolau Vergueiro implementou um sistema pioneiro de parceria na Fazenda Ibicaba, que se tornou um dos primeiros e mais notórios projetos de colonização por imigrantes na história do Brasil. Sob este sistema, os imigrantes não recebiam salários fixos; em vez disso, recebiam uma parcela dos lucros da produção agrícola. Este modelo visava a incentivar os imigrantes a aumentar a produtividade, já que o seu ganho estava diretamente relacionado ao sucesso das colheitas.

Conflitos e Resultados

Apesar das intenções iniciais, o sistema de parceria não funcionou tão bem quanto esperado e resultou em várias dificuldades e conflitos. Muitos imigrantes se encontraram em condições de trabalho difíceis e dívidas crescentes devido aos custos de vida e materiais fornecidos pela administração da fazenda. Isso culminou em revoltas e em um crescente descontentamento que foi crucial para o fim do sistema de parceria não apenas em Ibicaba, mas em outras fazendas no Brasil.

Legado

A Fazenda Ibicaba desempenhou um papel central na história da imigração e do desenvolvimento agrícola no Brasil. Ela foi um dos berços do cultivo do café em São Paulo, cultura que viria a dominar a economia brasileira no final do século XIX e início do século XX. Além disso, as experiências vividas pelos imigrantes em Ibicaba contribuíram para mudanças nas políticas de imigração e trabalho no Brasil.

Hoje, a Fazenda Ibicaba é reconhecida como parte importante do patrimônio histórico e cultural, relacionada com a história da imigração europeia para o Brasil e o desenvolvimento do interior paulista.

A revolta dos parceiros em Ibicaba

A Revolta dos Parceiros em Ibicaba, ocorrida em 1856, foi um conflito significativo entre imigrantes europeus e a administração da Fazenda Ibicaba, localizada no interior do estado de São Paulo, Brasil. Esse episódio é um dos mais emblemáticos relacionados ao sistema de parceria, que foi amplamente utilizado nas fazendas de café durante o século XIX.

Contexto

A Fazenda Ibicaba, sob a administração de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, adotou o sistema de parceria para atrair imigrantes europeus, principalmente portugueses, suíços e alemães, com a promessa de compartilhamento dos lucros obtidos com a produção agrícola. O sistema previa que os parceiros (imigrantes) receberiam uma parte da produção em troca de seu trabalho no cultivo, especialmente do café.

Imagem ilustrativa da revolta dos parceiros na fazenda Ibicaba em 1856
Imagem ilustrativa da revolta dos parceiros na fazenda Ibicaba em 1856

Causas do Conflito

A revolta foi motivada por várias razões, principalmente as condições desfavoráveis impostas pelo sistema de parceria:

  1. Dívidas Acumuladas: Muitos imigrantes se viram presos em um ciclo de dívida, pois os custos iniciais de moradia, alimentação e ferramentas foram adiantados pela administração da fazenda e descontados dos lucros dos trabalhadores. Em anos de produção baixa, isso significava que os imigrantes não apenas deixavam de ganhar dinheiro, como ainda aumentavam suas dívidas.
  2. Condições de Trabalho: As jornadas eram longas e as condições de trabalho, duras. Além disso, os imigrantes se sentiam enganados quanto às promessas feitas antes de sua chegada ao Brasil, encontrando uma realidade muito mais árdua do que a esperada.
  3. Desentendimentos sobre a Partilha: Havia frequentes desentendimentos sobre como a produção e os lucros deveriam ser divididos, com muitos imigrantes sentindo que a divisão não era justa ou transparente.

Desenvolvimento da Revolta

A insatisfação culminou em uma revolta aberta, onde os imigrantes protestaram e chegaram a confrontar fisicamente os administradores da fazenda. A situação tensa exigiu a intervenção das autoridades locais.

Resolução e Impacto

O conflito foi suficientemente grave para chamar a atenção das autoridades provinciais e nacionais sobre as falhas do sistema de parceria. Após a revolta, houve um esforço para reformar as condições dos contratos de parceria, e gradualmente o sistema começou a ser substituído por outros modelos de trabalho, incluindo o trabalho assalariado.

A Revolta dos Parceiros em Ibicaba é frequentemente citada como um ponto de virada nas políticas de imigração e trabalho no Brasil, ilustrando os desafios enfrentados pelos imigrantes e as dificuldades de implementação de sistemas de trabalho que dependem de partilha de lucros em condições desiguais. O episódio também é um exemplo significativo das tensões sociais e econômicas do Brasil do século XIX, em um período de transição da mão de obra escrava para o trabalho livre.

A imigração alemã pelo sistema de parceria

O sistema de parceria na imigração para o Brasil foi uma forma de organização do trabalho adotada principalmente nas fazendas de café do interior de São Paulo durante a metade do século XIX. Esse sistema visava atrair imigrantes europeus para trabalhar na agricultura brasileira, oferecendo uma alternativa aos modelos tradicionais de trabalho assalariado ou à escravidão, que ainda era legal e muito presente no Brasil naquela época.

Funcionamento do Sistema de Parceria

No sistema de parceria, os imigrantes não recebiam salários fixos, mas sim uma parte da produção que conseguiam cultivar. Basicamente, a terra, as ferramentas e as sementes eram fornecidas pelos fazendeiros, enquanto os imigrantes forneciam a mão de obra. Em teoria, isso permitiria que os trabalhadores tivessem um incentivo direto para aumentar a produção, pois quanto mais produzissem, maior seria sua parte nos lucros.

Problemas e Críticas

Na prática, o sistema de parceria muitas vezes resultou em exploração e endividamento dos imigrantes. Os custos iniciais com moradia, alimentação e ferramentas eram frequentemente adiantados pelos fazendeiros e depois descontados da parte dos lucros que cabia aos trabalhadores. Isso criava uma dívida que muitas vezes se tornava difícil de ser saldada, especialmente em anos de má colheita.

Além disso, os imigrantes enfrentavam condições de trabalho árduas, com longas jornadas e pouca garantia de sucesso financeiro. Os contratos de parceria nem sempre eram claros ou justos, e muitos imigrantes se sentiam enganados quanto às reais condições que encontrariam.

Impacto e Legado

O descontentamento com o sistema de parceria levou a várias revoltas e protestos por parte dos imigrantes, sendo um dos mais conhecidos o caso da Revolta de Ibicaba, na fazenda de mesmo nome. Esses eventos foram importantes para chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes e contribuíram para a gradual mudança nas políticas de imigração e trabalho no Brasil.

A partir da década de 1850 e 1860, o sistema de parceria começou a ser abandonado, e formas alternativas de organização do trabalho foram exploradas, incluindo o trabalho assalariado com condições mais claras e estáveis. O sistema de parceria é frequentemente estudado como um exemplo das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes e das complexidades do desenvolvimento agrícola e econômico do Brasil no século XIX.

A vinda dos imigrantes alemães para São Paulo no século 19

A vinda dos imigrantes alemães para São Paulo no século 19 foi parte de um fluxo mais amplo de imigração europeia para o Brasil, que começou de maneira mais significativa a partir da década de 1820. Os imigrantes alemães chegaram ao Brasil por várias razões, incluindo a busca por oportunidades econômicas, fuga de instabilidades políticas e sociais na Europa e incentivos oferecidos pelo governo brasileiro.

Contexto e Motivações

Durante o século 19, o Brasil estava em um processo de transformação econômica e social, com a independência de Portugal em 1822 e a abolição gradual do tráfico de escravos. O governo brasileiro, interessado em promover o desenvolvimento agrícola e industrial, incentivou a imigração europeia para substituir a mão de obra escrava e para colonizar regiões menos povoadas.

Incentivos Governamentais

O governo brasileiro e governos provinciais ofereciam diversos incentivos para atrair imigrantes, como subsídios para a viagem, concessão de terras e isenção de impostos por períodos determinados. Esses incentivos eram parte de uma política mais ampla para promover o cultivo de café e outros produtos agrícolas, bem como para estimular a ocupação do território.

A Viagem

A viagem da Alemanha para o Brasil era longa e desafiadora, frequentemente realizada em navios superlotados e em condições precárias. Os imigrantes partiam geralmente do porto de Hamburgo. A viagem por mar durava geralmente entre dois e três meses, enfrentando condições adversas como tempestades e doenças a bordo.

Imagem ilustrativa do porto de Hamburgo no século 19
Imagem ilustrativa do porto de Hamburgo no século 19

Estabelecimento

Ao chegarem no Brasil, o desembarque acontecia no porto de Santos. Ali alguns imigrantes já sabiam seu destino, haviam sido contratados por fazendeiros e iriam para as fazendas de café, no interior de São Paulo. Outros decidiam ficar na cidade por uns dias até encontrar um rumo certo, um trabalho e onde morar.

Imagem ilustrativa da chegada de imigrantes no porto de Santos no século 19
Imagem ilustrativa da chegada de imigrantes no porto de Santos no século 19

Depois os imigrantes alemães inicialmente subiam em comitiva a serra do mar rumo a capital São Paulo. Alguns tinham como destino a cidade e outros seguiam viagem no lombo de cavalos e burros rumo ao interior onde eram esperados para o trabalho nas fazendas de café.

Imagem ilustrativa da viagem dos imigrantes na Serra do Mar
Imagem ilustrativa da viagem dos imigrantes na Serra do Mar

Muitos se estabeleceram em áreas como São Carlos, Campinas, Santa Bárbara d’Oeste, Limeira, Piracicaba, Rio Claro entre outras. Os alemães trouxeram consigo conhecimentos em agricultura, especialmente em técnicas de cultivo e manejo do solo, o que contribuiu significativamente para a agricultura local.

Desafios e Adaptação

Os imigrantes enfrentaram vários desafios ao se estabelecer no Brasil, incluindo diferenças culturais, barreiras linguísticas e adaptação ao clima tropical. No entanto, com o tempo, muitos conseguiram prosperar, fundando empresas, escolas e instituições culturais que ajudaram na integração e na preservação de sua cultura.

Legado

Os alemães deixaram um legado duradouro em São Paulo e em outras partes do Brasil, não apenas na agricultura, mas também em indústrias, educação e cultura. Comunidades alemãs no Brasil continuam a celebrar e preservar suas tradições através de festivais, música, dança e gastronomia.

A imigração alemã para São Paulo no século 19 é um exemplo de como a migração pode transformar e enriquecer uma região, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e cultural.

A imigração alemã no interior de São Paulo

A imigração alemã para o interior de São Paulo foi parte de um movimento mais amplo de imigração europeia para o Brasil durante o século XIX e início do século XX. Os alemães, entre outros imigrantes europeus, foram atraídos para o Brasil por várias razões, incluindo as políticas de incentivo à imigração do governo brasileiro, que buscava promover o desenvolvimento agrícola e povoar áreas menos habitadas do país.

Início da Imigração e Motivações

A imigração alemã para o Brasil começou de forma mais significativa na primeira metade do século XIX, mais especificamente em 1924, com destaque para o Rio Grande do Sul. Naquele momento, o principal motivo para a imigração era o incentivo do governo imperial para a ocupação de territórios brasileiros pouco habitados. Um claro sinal de defesa do território diante de possíveis ameaças de ocupação por nações vizinhas.

No entanto, a partir de meados do século XIX, os alemães começaram a se estabelecer também em São Paulo, especialmente atraídos pela expansão da cultura do café e pela pressão internacional pela substituição da mão de obra escrava.

Áreas de Assentamento

No interior de São Paulo, os alemães se estabeleceram em diversas cidades, incluindo São Carlos, Campinas, Limeira, Piracicaba e Rio Claro. Mais tarde em áreas como o Vale do Paraíba e a Alta Paulista. Em muitos desses lugares, os alemães se dedicaram à agricultura, particularmente à produção de café, que era a principal atividade econômica do estado na época.

Imagem ilustrativa de imigrantes nas fazendas de café
Imagem ilustrativa de imigrantes nas fazendas de café

Contribuições Culturais e Econômicas

Os alemães trouxeram consigo técnicas agrícolas avançadas e contribuíram significativamente para a modernização das práticas agrícolas em São Paulo. Além da agricultura, eles também foram pioneiros em diversas indústrias e contribuíram para a infraestrutura, como a construção de estradas e ferrovias. A influência alemã é visível na arquitetura, na gastronomia e nas festividades culturais de várias cidades paulistas.

Desafios e Integração

A integração dos imigrantes alemães na sociedade brasileira enfrentou desafios. A diferença do idioma, do clima, da cultura e religião foram dificultadores, mas não impediram a integração do povo germânico na sociedade.

Legado

Hoje, o legado da imigração alemã no interior de São Paulo é preservado através de clubes, escolas, igrejas e festivais que celebram a herança alemã. Essa influência ainda é uma parte importante da identidade cultural de muitas comunidades no interior de São Paulo.

Origem e significado do sobrenome Dupre

Imagem sugestiva do brasão da Família Dupre

O sobrenome Dupre é de origem francesa e carrega um significado que reflete uma característica de localização. A palavra “Dupré” deriva do francês “du pré”, que significa “do prado” ou “do campo”. Esse sobrenome teria sido originalmente usado para descrever uma pessoa que vivia perto de um prado ou campo, ou que talvez tivesse vindo de uma área conhecida por essas características naturais.

Como muitos sobrenomes que se referem a características geográficas ou naturais, Dupre identifica uma conexão com a terra, indicando uma ligação com uma área específica que era notável por seus campos ou prados. Este tipo de nomeação geográfica era uma prática comum na Europa medieval, ajudando a diferenciar indivíduos na ausência de um sistema de sobrenomes fixo e amplamente adotado.

Sobrenomes semelhantes ou variações incluem “Dupree” e “DuPree”, que podem ser encontradas em comunidades de língua inglesa, adaptando a grafia original para a pronúncia e ortografia locais

O sobrenome Dupre é ainda comum em países de língua francesa, como França, Bélgica e Suíça, e também entre comunidades francófonas em todo o mundo. Além disso, devido à emigração, ele também pode ser encontrado em países como o Canadá e os Estados Unidos, onde descendentes de famílias francesas estabeleceram comunidades significativas.

Origem e significado do sobrenome Fischer

Imagem sugestiva do brasão da Família Fischer

O sobrenome Fischer é de origem alemã e tem um significado bastante literal, derivando da palavra alemã “Fisch”, que significa “peixe”. Assim, Fischer é basicamente “pescador” em português. O sobrenome foi originalmente usado para identificar pessoas cuja ocupação era a pesca, uma prática comum para a atribuição de sobrenomes baseados em ocupações na Europa medieval.

A distribuição do sobrenome Fischer é bastante ampla na Alemanha e em países de língua alemã, como Áustria e Suíça, devido à sua origem ocupacional. Com a emigração de falantes do alemão para outros países, especialmente durante e após períodos de turbulência política e econômica na Europa, o sobrenome se espalhou para outras regiões, incluindo América do Norte e do Sul, onde comunidades de imigrantes alemães se estabeleceram.

Fischer é um sobrenome judeu?

O sobrenome Fischer é predominantemente de origem alemã e associado à profissão de pescador, como mencionado anteriormente. No entanto, ele também pode ser encontrado entre famílias judias. Muitos judeus alemães adotaram sobrenomes durante o século XVIII e XIX, quando os governos exigiram que a população judaica adotasse sobrenomes fixos para fins de registro civil e tributação. Nesse contexto, alguns judeus escolheram sobrenomes que refletiam profissões ou características naturais, assim como a população não-judaica.

Portanto, embora “Fischer” não seja exclusivamente judeu e seja mais comumente associado a famílias não-judaicas de origem alemã, ele também pode ser encontrado em algumas famílias judias. A presença desse sobrenome em uma família judia não é indicativa de origem ou ascendência específica sem outras informações genealógicas.

Joaquim Fischer, Quim do Grupo ou Quinzinho

Joaquim Fischer aos 22, 72 e 92 anos

Joaquim de Souza Fischer, filho do casal Dorvalina Fischer e Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho, nasceu em Lindóia, São Paulo, em 18 de agosto de 1928. Neto de Henrique Fischer e Zulmira Evangelista pelo lado materno, do lado paterno tinha como avós José de Souza de Godoy e Ana Francisca da Costa.

Seus bisavós eram Martinho Fischer e Maria DupreJoão José Evangelista e Maria José RosaCipriano de Souza de Moraes e Maria de Souza de GodoyJoaquim da Costa Figueiredo e Francisca Rodrigues da Silva.

Certidão de nascimento de Joaquim Fischer
Certidão de nascimento de Joaquim Fischer

Joaquim perdeu sua mãe Dorvalina Fischer quando tinha apenas três anos de idade, em 1831. Junto com seus quatro irmãos, Benedicto, Sebastiana, Antonieta e José, ele foi criado por seu pai Joaquim e sua tia Cyra Fischer.

Na adolescência ele jogava futebol no time da cidade de Lindóia e também tocava na banda municipal.

Joaquim Fischer (deitado à frente) no time de futebol de Lindóia, em 1942
Joaquim Fischer (deitado à frente) no time de futebol de Lindóia, em 1942

Joaquim Fischer era funcionário público e trabalhava como zelador/bedel na Escola Estadual Pedro de Toledo em Lindóia, até se aposentar. Mesma função exercida anteriormente por seu pai Joaquim de Souza de Godoy.

Mas antes de ter um trabalho fixo formal em sua cidade natal, Joaquim morou um tempo em São Paulo, junto com seu irmão mais velho, Benedicto, que já morava e trabalhava como padeiro na capital paulista. O jovem Joaquim trabalhou como entregador de mercadorias, em comércios na região central de São Paulo.

Ele não se adaptou a realidade da vida paulistana e resolveu voltar para Lindóia, onde em 23 de dezembro de 1950, aos 22 anos de idade, casou-se com Ana Carolina de Moraes, ela com 19 anos.

Certidão de casamento de Joaquim e Ana Carolina
Certidão de casamento de Joaquim e Ana Carolina
Casamento de Joaquim Fischer e Ana Carolina em 1950
Casamento de Joaquim Fischer e Ana Carolina em 1950, dama de honra Sonia Grava de Souza

Ana Carolina nasceu em Itapira, São Paulo, em 17 de abril de 1931. Filha de Raymundo Francisco de Moraes e Carolina de Jesus. Neta pelo lado paterno de Francisco José de Moraes e Delphina Alexandrina da Conceição. Seus avós maternos eram Celestrino de Souza e Sebastiana de Jesus.

Certidão de nascimento de Ana Carolina de Moraes
Certidão de nascimento de Ana Carolina de Moraes
Carolina de Jesus
Carolina de Jesus
Raymundo de Moraes
Raymundo de Moraes

Joaquim e Ana Carolina tiveram 12 filhos, dois deles faleceram ainda crianças (Paulo Roberto aos 4 anos, vítima de picada de escorpião e Luís Cláudio aos 8 meses, vítima de sarampo).

São eles:

Neide Maria de Souza Fischer (1952)

Antonio Marcos de Souza Fischer (1954)

Maria Aparecida de Souza Fischer (1955)

Sonia Maria de Souza Fischer (1957)

Jorge Luís de Souza Fischer (1959-2019)

Paulo Roberto de Souza Fischer (1960-1964)

Paulo Sérgio de Souza Fischer (1961)

Luís Claudio de Souza Fischer (1963-1963)

Claudia Maria de Souza Fischer (1965)

Silvia Helena de Souza Fischer (1968)

Rosemeire Regina de Souza Fischer (1970)

Telma Maria de Souza Fischer (1972)

Com tantos filhos para criar, Joaquim e Ana trabalhavam na escola, ela como merendeira e ele como zelador. Mas era preciso compor renda para dar conta de tantas despesas, por isso o casal também fazia papel de babás e cuidava de crianças dos vizinhos e conhecidos.

Joaquim também voltou a exercer a atividade de entregador. Agora em Lindóia, Joaquim entregava pães na cidade, logo de manhã ele passava na Padaria, pegava os pães e levava para os clientes de porta em porta.

Os filhos de Joaquim e Ana cresceram em Lindóia, estudaram, e a maioria se casou e teve filhos. Alguns fixaram residência em Lindóia e outros se mudaram para cidades vizinhas como Águas de Lindóia, Serra Negra e Ouro Fino. A família ficou numerosa, ao todo, em 2024, entre filhos e filhas, genros, noras, netos, bisnetos, trinetos e tetranetos, somam mais de 50 pessoas.

Quando se casaram e por algum tempo, Joaquim e Ana moravam em uma casa dentro da escola onde trabalhavam, depois eles se mudaram para uma casa na rua Fabiano Franco e posteriormente em uma casa na rua José de Freitas, onde viveram juntos com os filhos, netos e por muitos anos com Sebastiana Aparecida, carinhosamente chamada de Cuca, irmã de Joaquim, solteira, sem filhos, falecida em 2007, aos 86 anos.

Ana Carolina, Joaquim e Sebastiana
Ana Carolina, Joaquim e Sebastiana

Em dezembro de 2000, a família celebrou os 50 anos (bodas de ouro) do casamento de Joaquim e Ana Carolina. Dez anos mais tarde, em 2010, outra celebração comemorou os 60 anos de casados (bodas de diamante).

Joaquim Fischer e Ana Carolina em 2000
Joaquim Fischer e Ana Carolina em 2000
Joaquim Fischer e Ana Carolina em 2010
Joaquim Fischer e Ana Carolina em 2010

Em 18 de março de 2012, Ana Carolina faleceu em sua residência, em Lindóia, vítima de parada cardiorrespiratória e foi sepultada no cemitério local.

Após a morte de sua esposa, Joaquim passou a viver com sua filha mais nova, Telma e também sob os cuidados do filho Paulo Sérgio. Com a cabeça muito boa e lúcido, Quinzinho alguns anos mais tarde, após os 90 anos, já sofria de dificuldades físicas e não conseguia se locomover sozinho.

Em 02 de outubro de 2022, Joaquim Fischer faleceu, aos 94 anos. Seu corpo foi velado por amigos e familiares no velório municipal de Lindóia e sepultado no jazigo da família no Cemitério Municipal da cidade.

Dorvalina Fischer, a primogênita

Dorvalina Fischer, primeira filha do casal Henrique Fischer e Zulmira Evangelista, nasceu em Limeira, São Paulo, em 1898. Ela foi batizada em 22 de janeiro de 1899, na igreja católica, Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Limeira. Foram padrinhos seus avós paternos Martinho Fischer e Maria Dupre.

Assento de batismo de Dorvalina Fischer
Assento de batismo de Dorvalina Fischer

Transcrição: Aos vinte e dois de janeiro de mil oitocentos e noventa e nove, nesta Matriz, batizei solenemente Dorvalina, nascida em trinta de setembro do ano passado, filha legítima de Henrique Fischer e Zulmira Evangelista. Padrinhos Martinho Fischer e Maria Dupre.

Dorvalina passou sua infância em Limeira, junto com os pais e irmãos, CyraArmando e Augusto que nasceram posteriormente em 1901, 1903 e 1906. Aos oito anos de idade, ainda criança, Dorvalina ficou órfã, sua mãe Zulmira faleceu de tuberculose, em 14 de setembro de 1906.

Seu pai, Henrique Fischer, ficou viúvo e sozinho entre 1906 e 1912, mas tudo leva a supor que uma sobrinha de Zulmira, chamada Odila Evangelista, possa ter ajudado na criação dos filhos órfãos de Zulmira, já que ela viria a ser a segunda esposa de Henrique, em 30 de novembro de 1912.

Em 1913, Dorvalina, já uma adolescente com 15 anos, mudou-se de Limeira para Lindóia, São Paulo, junto com seu pai, sua madrasta e seus irmãos mais novos. Nesta cidade eles moravam na rua do Largo da Matriz, nº 05.

Três anos mais tarde, aos 18 anos de idade, em 30 de setembro de 1916, Dorvalina casou-se com Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho, ele com 30 anos, na igreja católica, Matriz de Nossa Senhora das Brotas, em Lindóia, São Paulo.

Registro de casamento de Dorvalina e Joaquim
Registro de casamento de Dorvalina e Joaquim

Transcrição: Aos trinta de setembro de mil novecentos e dezesseis, nesta Paróquia de Nossa Senhora das Brotas, de Lindoia, em minha presença e das testemunhas, Firmino de Godoy Bueno e Agenor do Nascimento, receberam-se em matrimônio os nubentes Joaquim de Souza de Godoy e Dorvalina Fischer, ele com trinta anos de idade, filho legítimo dos falecidos José de Souza de Godoy e Anna Francisca da Costa e ela com dezoito anos de idade, filha legítima de Henrique Fischer e da falecida Zulmira Evangelista, ambos os contraentes são fregueses desta paróquia.

Filho de José de Souza de Godoy e Anna Francisa da Costa, Joaquim nasceu em Serra Negra, São Paulo, em 1886. Ele era de uma família tradicional da região, considerados alguns dos fundadores de Lindóia. Diz a história da cidade, que alguns imigrantes portugueses e espanhóis, oriundos de Atibaia – Bairro da Guardinha, se desentenderam com o Governador da Capitania de São Paulo, e fugiram, se fixando às margens do Cezar. Segundo a história contada pelos antigos, estas famílias eram: Franco, Godoy, Alves, Souza, Almeida e Domingues. Dos documentos antigos constam que Manoel Alves de Almeida, criou um índio batizado pelo nome de Salvador Domingues de Almeida, fundando-se latifúndios às margens esquerda do Rio do Cezar, depois chamado Rio do Peixe, por ser muito piscoso. Construiu aí algumas residências e plantou suas lavouras. Consta ainda que Salvador Domingues de Almeida casou-se com Candida (triavós de Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho) e desse casamento teve muitos filhos, sendo que uma filha por nome de Anaesméria, casou-se com Joaquim Franco de Godoy (bisavós de Joaquim de Souza Sobrinho), doador das terras para construção da Igreja de Nossa Senhora das Brotas, que recebeu está homenagem, por ser esta região riquíssima em quantidades de brotas de água. 

Quando Joaquim casou-se com Dorvalina, ele já tinha uma filha de outro relacionamento, chamada Jandira de Souza. Joaquim e Dorvalina logo tiveram o primeiro filho e ao todo foram cinco, são eles:

Benedicto de Souza (1918-?)

Sebastiana Apparecida de Souza (1921-2007)

Antonieta de Souza (1923-2015)

Joaquim de Souza Fischer (1928)

José Benedito de Souza (1931-2017)

Vale pontuar que entre o nascimento de Antonieta e Joaquim passaram-se cinco anos, nesse intervalo não foi encontrado registro de filhos do casal, o que não era normal para a época. Pode ser que naqueles anos, Dorvalina possa ter engravidado e sofrido abortos, o que era muito comum.

Dorvalina Fischer faleceu em 1931, após o nascimento de seu filho José Benedito, em Lindóia, onde foi sepultada no cemitério local. Segundo história oral contada por familiares, ela morreu na dieta, período que a mulher se recupera após uma gestação.

Com a morte da esposa, Joaquim de Souza de Godoy ficou com os cinco filhos, relativamente pequenos, Benedicto, o mais velho, tinha apenas 13 anos, Sebastiana 10 anos, Antonieta 8 anos, Joaquim 3 anos e José Benedito recém nascido.

Segundo histórias contadas por familiares, Joaquim seguiu viúvo e continuou criando os filhos sozinho, com a ajuda de Cyra Fischer, irmã de Dorvalina. Cyra era recém casada com Sebastião de Souza Godoy, conhecido como Nino, e provavelmente parente de Joaquim. Cyra e Sebastião tiveram uma única filha, Silvia Benedicta, que morreu ainda bebê. Sem filhos, ela ajudou na criação dos sobrinhos.

Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho faleceu aos 77 anos, em Lindóia, São Paulo e foi sepultado no cemitério local. Antes da morte, ele ficou anos na cama após ter sofrido um AVC e era cuidado pela filha Sebastiana Aparecida.

Conrado Grava de Souza, neto de Joaquim, tem lembranças do avô: “Quando nasci, em 1949, o avô Joaquim era o único vivo. Lembro-me dele deitado em uma cama, em Lindóia, em uma casinha muito simples, na rua onde começava a estrada para Itapira. Ele morava com a minha tia Cida. Ele tinha perdido a fala e só se comunicava com a minha tia por um sininho. Tocava o sininho e, se minha tia demorava para atendê-lo, ao abrir a porta do quarto, na verdade uma cortina de tecido, ele atirava o sininho nela.

Retrato de Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho
Retrato de Joaquim de Souza de Godoy Sobrinho

Muhl, a origem dos Dupre na Alemanha

Imagem ilustrativa do vilarejo de Muhl na Alemanha no século 19

Johann Michael Dupre, patriarca da Família Dupre no Brasil, é oriundo de Muhl, Neuhütten, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha.

Igreja em Muhl
Igreja em Muhl

História do distrito de Neuhütten
A história da alongada cidade de Neuhütten, localizada na encosta norte do Dollberg, começa no final do século XVII e pode estar ligada ao ressurgimento da indústria do ferro no Altbachtal. Até então, toda a área da aldeia de hoje era coberta por floresta e pertencia ao governo Züsch. O proprietário era Vogt Ernst Ludwig von Hunolstein.

De cerca de 1800 a 1970, Neuhütten consistia nos seguintes três distritos:

Os trabalhadores (ferreiros, fundidores, etc.) se estabeleceram no lado diagonalmente oposto da fábrica na encosta do Dollberg. Lá eles construíram pequenas cabanas. Assim foi criado o atual distrito de Schmelz , localizado a oeste , cujo nome pode ser explicado claramente pela operação de fundição de ferro. As primeiras pessoas deveriam ter vivido lá já em 1700. Na década de 1750/59 havia 29 famílias católicas no Schmelz , 11 com nomes alemães e 18 com nomes franceses. Em 1781 já havia 161 pessoas morando lá. 28 casas foram encontradas em 1787, nas quais viviam 31 famílias com 114 pessoas.

O distrito do norte chamado Zinsershütten provavelmente se originou por volta de 1730 ou mesmo por volta de 1725, já que um portador do nome Zinser é dado como padrinho “ vindo da floresta Züscher ”. O nome está associado aos provavelmente primeiros habitantes Johann Peter Zinser e às famílias de seus dois filhos Johann Nikolaus e Johann Jakob (a família Zinser veio de Rhaunen). Eles trabalharam como picadores de madeira e queimadores de carvão a serviço da fábrica no vale. Em 1758 existiam 10 quartéis na área residencial, onde viviam 21 famílias com 6 alemães e 15 com nomes franceses. Em 1781 viviam ali 103 pessoas e, em 1787, havia 74 pessoas em 20 casas em 22 famílias.

A última fundação diz respeito à parte central do lugar chamada Neuhütten . Por volta de 1758, a área entre Schmelz e Zinsershütten já havia sido desmatada. Um caminho estreito conectava os dois locais de residência. A oeste de Muhl ficava o assentamento chamado Schneidershütten , em homenagem ao alfaiate coxo Peter Arend, que viveu lá por volta de 1718/20 . Em 1744, havia 9 quartéis no local. Já em 1756 houve uma disputa entre o proprietário de Züsch e o escritório de Birkenfeld sobre a área disputada de Schneidershütten. Depois de muitas negociações, chegou ao ponto que o assentamento teve de ser evacuado. Aconteceu então que no verão de 1759 as 22 famílias tiveram que deixar o local de residência anterior.  17 das famílias mudaram-se para lá, as outras para outras aldeias. Este novo lugar foi chamado de “Maltets-Barracks ” em homenagem ao residente Gil Malts; ao mesmo tempo, surgiu o nome “novas cabanas“. Ainda hoje o distrito é chamado de “o Placke ” no uso dos habitantes . Em 1781, havia 96 habitantes; 1787 49 pessoas em 18 casas.

Durante a ocupação francesa por volta de 1800, todas as três partes independentes foram combinadas em um município com o nome de Neuhütten . Sobrenomes que parecem franceses ainda estão representados hoje, como Bouillon, Detemple, Düpre, Kolling, Lorang, Mathieu, Petto, Serwene, Sossong.

História do distrito de Muhl

O distrito de Muhl ao norte foi incorporado a Neuhütten em 7 de novembro de 1970. Desde a sua criação por volta de 1725/30, a aldeia pertenceu ao distrito de Birkenfeld de Hintersponheim, veio para Baden em 1776 e foi fundida com Börfink para formar um município no distrito de Trier em 1816. De acordo com a lei de simplificação administrativa de 12 de novembro de 1968, Muhl e Börfink vieram para o distrito de Birkenfeld em 7 de junho de 1969, Muhl se separou de Börfink em 1970 e foram para o distrito de Trier.

Muhl vista de cima
Muhl vista de cima

Não há clareza total sobre a origem e interpretação do nome do lugar; em 4 de novembro de 1736 aparece um padrinho “do moinho”. Esta é a primeira menção do nome Muhl. Depois disso, o nome do lugar fica sempre assim. O nome vem de “Mulde”? Os moradores viviam principalmente cortando lenha e queimando carvão. Muhl era um estabelecimento exclusivamente de trabalhadores florestais em conexão com a siderúrgica de Züsch. Provavelmente, a primeira família residente foi a de Dominik Düpre, o ancestral de todos na área chamada Düpre. Em 1744, havia apenas 5 casas em Muhl.

Ainda hoje esta área também é conhecida por suas florestas e é um destino popular para caminhadas e atividades ao ar livre. A economia local tem sido historicamente baseada em madeira e agricultura.

Fonte: Neuhütten und Muhl – Nationalpark