Henrique Fischer, três esposas e uma grande família

Henrique Fischer, quarto filho do casal Martinho Fischer e Maria Dupre, nasceu em Constituição, atual Piracicaba, São Paulo, em 12 de maio de 1874. Ele foi batizado na igreja católica, na Matriz de Santo Antônio, em Piracicaba, no dia 23 de maio de 1874. Foram padrinhos seus tios Henrique Fischer e Bárbara Fischer.

Assento de batismos de Henrique Fischer
Assento de batismos de Henrique Fischer

Transcrição: Aos vinte e três de maio de mil oitocentos de setenta e quatro, nesta matriz, batizei e pus os santos olhos em Henrique, nascido no dia dose do corrente mês, filho de Martinho Fischer e Maria Dupre. Foram padrinhos Henrique Fischer e Barbara Fischer.

Aos 22 anos, em 24 de dezembro de 1896, Henrique casou-se com sua primeira esposa, Zulmira Evangelista, ela com 15 anos, na igreja católica, Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Limeira, São Paulo. Foram testemunhas Zeferino Guimarães e Martinho Fischer.

Assento de casamento de Henrique Fischer e Zulmira Evangelista
Assento de casamento de Henrique Fischer e Zulmira Evangelista

Transcrição: Aos vinte e quatro de dezembro de 1896, na Matriz de Limeira, perante mim e das testemunhas abaixo mencionadas, depois de proclamados, receberam-se em santo matrimônio, Henrique Fischer e Zulmira Evangelista, ele em idade de vinte e dois anos, natural de Piracicaba, filho legítimo de Martinho Fischer e Maria Dupre; e ela em idade de quinze anos, filha legítima de João Evangelista, falecido, e de Maria Rosa Evangelista, natural de Limeira. Foram testemunhas Zeferina Guimarães e Martinho Fischer.

Filha de João Evangelista e Maria Rosa Evangelista, Zulmira nasceu em Limeira, São Paulo, em 20 de outubro de 1881. Ela faleceu jovem, vítima da tuberculose, em 14 de setembro de 1906, aos 24 anos, em Limeira, São Paulo, onde foi sepultada no cemitério municipal.

Registro de óbito de Zulmira Evangelista
Registro de óbito de Zulmira Evangelista

Henrique e Zulmira tiveram 4 filhos, são eles:

Dorvalina Fischer (1898-1932)

Cyra Fischer (1901-1942)

Armando Fischer (1903-1951)

Augusto Aparecido Fischer (1906-1935)

Os filhos de Henrique e Zulmira lhes deram 10 netos e dezenas de bisnetos, trinetos, tetranetos e pentanetos que povoaram a região de Lindóia, São Paulo e se espalharam pelo Brasil.

Seis anos após a morte da primeira esposa, o viúvo Henrique Fischer, agora com 37 anos, casou-se novamente, em 30 de novembro de 1912. Desta vez com Odila Evangelista, de 21 anos, curiosamente sobrinha de Zulmira Evangelista, a primeira esposa falecida. Foram testemunhas Antonio Oliveira e José Piessotti.

Assento de casamento de Henrique Fischer e Odila Evangelista
Assento de casamento de Henrique Fischer e Odila Evangelista

Transcrição: Aos trinta de novembro de 1912, nesta matriz de Limeira, depois de proclamados e não havendo impedimento algum, na minha presença e das testemunhas abaixo assinadas, receberam-se em matrimônio, Henrique Fischer e Odila Evangelista. Ele viúvo de Zulmira Evangelista, com 37 anos, natural de Piracicaba; ela solteira, natural de Limeira, com 21 anos de idade, filha legítima de João Evangelista Filho e de Albertina Evangelista, todos fregueses desta paróquia. Nada mais consta, faço o presente assento.

Filha de João Evangelista Filho e Albertina Evangelista, Odila nasceu em 1891, em Limeira, São Paulo. Cerca de um ano após o matrimônio, em 1913, Henrique e Odila mudaram-se de Limeira com os filhos de Henrique e Zulmira. O casal e as crianças teriam passado brevemente por Itapira e depois se fixaram em Lindóia, São Paulo. Segundo histórias contadas por familiares, a mudança de cidade teria sido motivada por questões de herança e desentendimento entre os herdeiros de Martinho Fischer, pai de Henrique, que faleceu em agosto de 1913.

Na nova cidade, o casal teve 2 filhos, são eles:

Mário Aparecido Fischer (1913-1959)

Martino Fischer (1917-?)

Os filhos de Henrique e Odila lhes deram uma única neta, alguns bisnetos e trinetos, descendentes de Mário Fischer.

Sobre Martino Fischer não foi encontrado registro de óbito, casamento ou nascimento de filhos, o que leva a crer que ele possa ter falecido ainda criança e não deixou descendentes.

Não encontramos ainda o registro de óbito de Odila, mas tudo leva a crer que ela faleceu após o nascimento do segundo filho, Martino, em Lindóia, São Paulo.

Com a morte de Odila, Henrique, aos 50 anos, casou-se pela terceira vez, por volta de 1924, em Lindóia, São Paulo. A nova esposa, Faustina Maria de Jesus, tinha 20 anos.

Faustina era natural de Campo Místico, atual Bueno Brandão, Minas Gerais. Filha de Joaquim Francisco de Figueiredo e Francisca Maria de Jesus, ela nasceu em 28 de setembro de 1904.

Batismo de Faustina Maria de Jesus
Batismo de Faustina Maria de Jesus

O casal teve 4 filhos, ainda vivos em 2020, são eles:

Maria Fischer (1927)

Aparecido Fischer (1931)

Antonia Fischer (1933)

José do Carmos Fischer (1936)

Uma curiosidade sobre Henrique Fischer é que, por ele ter se casado três vezes em um intervalo de quase 40 anos, os filhos de Henrique Fischer, frutos do último relacionamento, com Faustina, tinham a mesma idade ou eram até mais jovens que alguns de seus primeiros netos.

Em Lindóia, São Paulo, Henrique Fischer morava com sua família no Largo da Matriz, nº 05. Ele era uma figura conhecida dos moradores da pequena cidade do interior paulista. Eletricista, ele trabalhava em uma usina hidrelétrica, chamada Usina das Cotas, que gerava energia para o município.

Apesar de não ser natural da Alemanha, mas ser descendente, ele era conhecido como Alemão pelos moradores. No fim da vida, talvez já sofrendo de alguma demência, ele era frequentemente visto andando pelas ruas da cidade e falando sozinho.

Retrato Henrique Fischer
Retrato Henrique Fischer

Henrique Fischer faleceu em 18 de março de 1939, aos 64 anos, vítima de hemorragia cerebral, em Lindóia, São Paulo, onde foi sepultado no cemitério municipal da cidade. Sem posses, ele não deixou herança, apenas lembranças e uma grande família.

Registro de óbito de Henrique Fischer
Registro de óbito de Henrique Fischer

Após a morte de Henrique, Faustina de Jesus mudou-se para a cidade de Serra Negra, São Paulo. Ela contava que havia colocado os filhos dentro de jacás, presos no lombo de um burro, e pegaram estrada. Em Serra Negra ela se casou novamente, em 21 de junho de 1947, com o viúvo José Franco de Godoi, ele também já tinha filhos de outro relacionamento. Deste casamento entre Faustina e José não houve filhos.

Reprodução da ida de Faustina e os filhos de Lindóia para Serra Negra
Reprodução da ida de Faustina e os filhos de Lindóia para Serra Negra

Os filhos de Faustina e Henrique cresceram e estudaram. Maria e Aparecido casaram-se em Serra Negra e mais tarde se transferiram com a mãe para Campinas; José, solteiro, seguiu com eles para Campinas. Antônia foi para São Paulo, trabalhar como doméstica. Naquela cidade acabou se casando com Vicente Villano, um filho de seu empregador.

Em Campinas a “noninha”, como Faustina era carinhosamente chamada, morava com sua filha Maria. Ao falecer, em 15 de agosto de 1999, aos 95 anos, Faustina deixou os quatro filhos, 12 netos e pelo menos 19 bisnetos.

*Colaborou com informações sobre Faustina seus netos Henrique Fischer e Heitor Fischer

Martinho Fischer e Maria Dupre

Martinho Fischer e Maria Dupre, este casal deu origem a uma das linhagens da família Fischer no Brasil.

Retrato Martinho Fischer
Retrato Martinho Fischer

Filho de Anton Fischer e Elizabeth (Izabel) Barth, Martinho Fischer nasceu em 05 de setembro de 1850, na cidade de Constituição, atual Piracicaba no estado de São Paulo. Na mesma cidade ele foi batizado, na igreja católica, Matriz de Santo Antônio, no dia 05 de outubro de 1850. Foram padrinhos Martin Fischer e Catharina Stumpf, seus avós paternos.

Assento de batismos de Martinho Fischer
Assento de batismos de Martinho Fischer

Transcrição: No mesmo dia e igreja batizei e pus os santos olhos no menino Martinho, de idade de um mês, filho de Antonio Fischer e Izabel Barth. Foram padrinhos Martinho Fischer e sua mulher Catharina Fischer.

Por algum motivo que desconhecemos, Martinho Fischer foi rebatizado na mesma igreja Matriz de Piracicaba, 34 anos após seu nascimento. Acreditamos que o novo assento tenha sido necessário para que Martinho pudesse ser padrinho de alguma criança ou de casamento. Naquela época e mesmo hoje, os registros de batismos católicos são obrigatórios para que alguém possa participar de um dos sacramentos da Igreja, como batizar ou ser testemunha de casamento de outra pessoa católica. Então, devido ao mau estado de conservação do primeiro assento de Martinho, ou mesmo por não terem encontrado o registro original, foi necessário refazer o sacramento com a declaração de testemunhas.

Confirmação do batismo de Martinho Fischer em 1884
Confirmação do batismo de Martinho Fischer em 1884

Transcrição: Aos dezesseis de outubro de mil oitocentos e oitenta e quatro, nesta Matriz, em virtude de autorização que me foi concedida por sua Excelência Reverendíssima, em minha presença compareceram Martinho Hilsdorf e Valentim Hebling, pessoas legítimas e por mim conhecidas, por eles me foi informado e sob suas consciências com efeito de verdade, que foi batizado nesta matriz, no ano de mil oitocentos e cinquenta, pelo já falecido vigário José Gomes, o então inocente Martinho, filho legítimo de Anton Fischer e Izabel Fischer Barth. Foram padrinho Martinho Fischer e Maria Magdalena Hilsdorf. Nada mais foi perguntado e para constar lavrei este assento com as testemunhas.

Filha caçula do casal Johann Michael Dupre e Katharina Rosar, Maria Dupre nasceu em 16 de fevereiro de 1851, em Muhl, Neuhütten, Trier-Saarburg, Renânia-Palatinado, na Alemanha. Em 03 de junho de 1862, aos 9 anos de idade, ela emigrou para o Brasil com seus pais e irmãos.

A família Dupre foi contratada pela Vergueiro e Cia, como colonos no regime de parceria. Em 26 de julho de I862 desembarcaram em Santos, São Paulo e de lá foram encaminhados para a Colônia Vergueiro, na Fazenda Ibicaba, em Limeira, São Paulo.

Família Dupre na lista de colonos de Ibicaba em 1862
Família Dupre na lista de colonos de Ibicaba em 1862

Transcrição: Relação dos Colonos vindos de Anvers (Antuérpia) no Patacho Dinamarquês Challenger – Capitão W. Lubbe, entrados neste Porto (Santos), em 26 de julho de 1862, contratados pela Vergueiro e Cia para a Colonia Ibicaba.

Johann Dupre, 50 anos, casado, natural de Muhl, na Prussia, lavrador
Catharina, 50 anos, esposa
Peter, filho, 27 anos, solteiro
Johann, filho, 24 anos, solteiro
Catharina, filha, 20 anos, solteira
Max, filho, 16 anos, solteiro
Johann Georg, 12 anos, solteiro
Maria, 09 anos, solteira

A família Dupre era originária de Muhl, Neuhütten, uma pequena aldeia que tem sua data de criação por volta de 1725/30. Não há clareza total sobre a origem e interpretação do nome do lugar. Localizada numa região de florestas, os moradores viviam principalmente cortando lenha e queimando carvão. Provavelmente, a primeira família residente no local foi a de Dominik Dupre, o ancestral de todos na área com sobrenome Dupre. Como o sobrenome leva a crer, Dupre tem origem na língua francesa e os ancestrais da família de Maria eram originários da Bélgica, Holanda e Luxemburgo, que posteriormente se espalharam pela região da Renânia, que foi ocupada pela França, antes de voltar ao domínio da Alemanha.

Não conseguimos precisar se Martinho e Maria se conheceram na fazenda Ibicaba ou posteriormente, quando as famílias de ambos já haviam deixado a colônia e se estabelecidos em cidades da região como Limeira, Rio Claro e Piracicaba.

Há indícios de que Maria era católica e Martinho protestante, mas a religião diferente não impediu o casamento. O enlace deste casal selou a união da família Fischer com a família Dupre e deu origem a uma das linhagens de Fischer no interior de São Paulo.

Seis anos mais tarde, em 27 de outubro de 1868, na igreja católica, Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Limeira, São Paulo, Martinho Fischer e Maria Dupre se casaram, ele com 18 anos e ela com 17 anos.

Casamento de Martinho Fischer e Maria Dupre
Casamento de Martinho Fischer e Maria Dupre

Transcrição: Aos vinte e sete dias de outubro de mil oitocentos e sessenta de oito, nesta matriz, na cidade de Limeira, pelas nove horas da manhã, com provisão do vigário e alvará do juiz municipal, ambos datados de vinte e seis de outubro, perante mim, receberam em matrimônio, por marido e mulher, na minha presença e das testemunhas abaixo assinadas, Martinho, filho de Antonio Fischer e Isabel Fischer, natural e batizado na cidade de Constituição e Maria, fila de João Dupre e de Catharina Dupre, natural e batizada na Alemanha, ambos fregueses desta cidade de Limeira, logo lhes dei as bençãos nupciais… e faço este assento.

O casal teve 7 filhos, são eles:

Izabel Fischer (1869-?)

Catharina Fischer (1870-?)

João Fischer Sobrinho (1873-1918)

Henrique Fischer (1874-1939)

José Fischer (1877-?)

Mathias Fischer (1879-?)

Maximiliano Fischer (1881-?)

Com seus filhos e parentes, o casal viveu na região de Limeira, São Paulo. Na mesma cidade eles também faleceram. Martinho Fischer morreu aos 63 anos, em 05 de agosto de 1913, vítima de hemorragia cerebral. Maria Dupre faleceu aos 92 anos, em 01 de setembro de 1942, em sua residência, na rua Doutor Trajano, nº 445, vítima de artérioesclerose cárdio renal. Ambos foram sepultados no cemitério municipal de Limeira.

Registro de óbito de Martinho Fischer
Registro de óbito de Martinho Fischer
Registro de Óbito de Maria Dupre
Registro de Óbito de Maria Dupre

Dominik Dupre e a origem da família Dupre

A família Dupre que se estabeleceu no Brasil, mais especificamente na região de Limeira, Piracicaba e Rio Claro, ou suas variações de sobrenomes como: Düpre, Duppre, Dupret, Duprat, Dupler, Dipre, muito provavelmente tem origem em um único patriarca, Dominik Dupre. Ele é o possível ancestral de todos os Dupre que moravam na região de Muhl, Neuhütten, distrito de Trier-Saarburg, na Renânia-Palatinado, na Alemanha, origem de grande parte dos Dupre brasileiros.

Dominik era lenhador e foi um dos fundadores do assentamento chamado Muhl, um pequeno vilarejo, rodeado por florestas. Por isso, os moradores locais trabalhavam principalmente com madeira e na produção de carvão. Provavelmente, a primeira família residente em Muhl foi a de Dominik Dupre.

Apesar de ter nascido na região, por volta do ano 1705, em Birkenfeld, há indícios de que os ancestrais de Dominik não eram alemães, mas sim tenham origem na região da Bélgica, Luxemburgo e Holanda. A forte influência francesa nesses países e mesmo a região da Renânia, justificam a presença de muitas famílias com sobrenomes de raiz etimológica francesa, como é o caso do sobrenome Dupre.

Dominik Dupre seria filho de Gerardus Dupre, nascido por volta de 1680, na região de Remich, Grevenmacher, Luxemburgo. Sua mãe teria o nome de Anna Maria, não conseguimos precisar o sobrenome dela.

Seus avós paternos seriam Johannes Dupre (1648-1685) e Christina Drabbe (1647-?). Este casal seria natural da região da Zelândia, na Holanda. Os bisavós paternos de Dominik seriam Rameus Janssens Dupre (1621-1661) natural de Henegouwen, na Bélgica e Janeke Frans Pietersen (1621-1660) natural da Zelândia, na Holanda. Pela linha paterna, Dominik seria ainda trineto de Jean Dupre (1595-?) provavelmente natural da Bélgica.

Dominik Dupre casou-se duas vezes, primeiro, em 1724, em Hermeskeil, Trier-Saarburg, Renânia-Palatinado, na Alemanha, com Maria Gertrud Hewele (1700-1733). Este casal teve 4 filhos:

Maria Magdalena Dupre (1724)

Johann Peter Dupre (1725)

Anna Catharina (1728)

Georg Dupre (1731)

Após o falecimento de sua primeira esposa, Maria Gertrud em 1733, Dominik casou-se com Anna Calacuro (1716-1757), em 1734, em Züsch, Hermeskeil, Trier Saarburg, na Alemanha. Este casal teve 7 filhos:

Johann Peter Dupre (1736)

Franz Dupre (1738)

Johannes Dupre (1739)

Nicholas Dupre (1740)

Anna Maria Dupre (1742)

Johann Conrad Dupre (1744)

Christian Dupre (1746)

Sua segunda esposa, Anna Calacuro, faleceu em 1757, aos 41 anos, em Muhl, Neuhütten, Trier-Saarburg, Renânia-Palatinado, na Alemanha.

Os 11 filhos de Dominik Dupre geraram dezenas de netos e centenas de bisnetos, alguns continuaram na região de Muhl, outros se mudaram para outros lugares da Alemanha e alguns migraram para o Brasil e deram origem às linhagens dos Dupre no país.

Como foi o caso dos bisnetos Johann Dupre (João Dupre) (1800-?) que veio, em agosto de 1845, com a esposa Katharina Noel e seis filhos, para Petrópolis, no Rio de Janeiro. E Johann Michael Dupre (João Miguel Dupre) (1810-?) que emigrou em julho de 1862, com a esposa Katharina Rosar e seis filhos, para Ibicaba, em Limeira, São Paulo.

Dominik Dupre faleceu aos 64 anos, em 1769, em Muhl, Neuhütten, Trier-Saarburg, Renânia-Palatinado, na Alemanha, onde foi sepultado. Mas deixou para o mundo uma dinastia completa, que leva seu nome e sua história.

De Muhl para Ibicaba a união da família Dupre com a família Fischer

Em 03 de junho de 1862 a família Dupre, oriunda de Muhl, Neuhütten, distrito de Trier-Saarburg, na Renânia-Palatinado, na Alemanha, embarcou no porto da Antuérpia, Bélgica, rumo ao Brasil. A bordo do navio patacho dinamarquês Challenger, dirigido pelo capitão Lubbe, Johann Michael Dupre, sua esposa Katharina Rosar e seus 6 filhos viajaram pelo Oceano Atlântico, juntos com outros imigrantes contratados pela Vergueiro e Cia.

Famílias Dupre e Rosar recrutadas em Muhl
Famílias Dupre e Rosar recrutadas em Muhl

Após 53 dias de viagem, eles desembarcaram no Porto de Santos, em 26 de julho de 1862 e, de lá, seguiram rumo a fazenda Ibicaba em Limeira, São Paulo, onde se estabeleceram como colonos e trabalharam no regime de parceria.

Família Dupre na lista de colonos de Ibicaba em 1862
Família Dupre na lista de colonos de Ibicaba em 1862

Johann e Katharina tinham 50 anos de idade cada um e seus filhos, alguns já eram adultos, outros adolescentes e crianças. Peter Dupre, 27 anos; Johann Dupre, 24 anos; Catharina Dupre, 20 anos; Max Dupre, 16 anos; Georg Dupre, 12 anos e Maria Dupre, 9 anos. Alguns estudos apontam que Peter não era filho legítimo, mas por ter migrado junto com a família, foi considerado como filho.

Uma outra filha do casal não emigrou com os pais, Helene Dupre ficou na Alemanha. Com 22 anos na época, ela possivelmente já era noiva de Johann Peter Rosar, com quem se casou em 1863.

Família Dupre
Família Dupre

Filha caçula de Johann e Katharina, Maria Dupre nasceu em 16 de fevereiro de 1851, em Muhl, na Alemanha e se casou em 1868, em Limeira, São Paulo, com Martinho Fischer. Ele filho de Anton Fischer e Elizabeth (Izabel) Barth e neto de Martin Fischer e Catharina Stumpf, também colonos de Ibicaba. Martinho nasceu em 5 de setembro de 1850, em Piracicaba, São Paulo.

Assento de batismos de Martinho Fischer
Assento de batismos de Martinho Fischer

Transcrição: No mesmo dia e igreja batizei e pus os santos olhos no menino Martinho, de idade de um mês, filho de Antonio Fischer e Izabel Barth. Foram padrinhos Martinho Fischer e sua mulher Catharina Fischer.

Não conseguimos precisar se Martinho e Maria se conheceram na fazenda Ibicaba ou posteriormente, quando as famílias de ambos já haviam deixado a colônia e se estabelecidos em cidades da região como Limeira, Rio Claro e Piracicaba.

Há indícios de que Maria era católica e Martinho protestante, mas a religião diferente não impediu o casamento. O enlace deste casal selou a união da família Fischer com a família Dupre e deu origem a uma das linhagens de Fischer no interior de São Paulo.

Casamento de Martinho Fischer e Maria Dupre
Casamento de Martinho Fischer e Maria Dupre

Transcrição: Aos vinte e sete dias de outubro de mil oitocentos e sessenta de oito, nesta matriz, na cidade de Limeira, pelas nove horas da manhã, com provisão do vigário e alvará do juiz municipal, ambos datados de vinte e seis de outubro, perante mim, receberam em matrimônio, por marido e mulher, na minha presença e das testemunhas abaixo assinadas, Martinho, filho de Antonio Fischer e Isabel Fischer, natural e batizado na cidade de Constituição e Maria, fila de João Dupre e de Catharina Dupre, natural e batizada na Alemanha, ambos fregueses desta cidade de Limeira, logo lhes dei as bençãos nupciais… e faço este assento.

Martinho Fischer e Maria Dupre tiveram 7 filhos, são eles:

Izabel Fischer (1869-?)

Catharina Fischer (1870-?)

João Fischer Sobrinho (1873-1918)

Henrique Fischer (1874-1939)

José Fischer (1877-?)

Mathias Fischer (1879-?)

Maximiliano Fischer (1881-?)

Com seus filhos e parentes, o casal viveu na região de Limeira, São Paulo. Ali eles também faleceram, Martinho em 1913, aos 63 anos e Maria em 1942, aos 92 anos.

Registro de óbito de Martinho Fischer
Registro de óbito de Martinho Fischer
Registro de Óbito de Maria Dupre
Registro de Óbito de Maria Dupre

Anton Fischer de colono a diretor da fazenda Ibicaba

Anton Fischer, filho de Martin Fischer e Katharina Stumpf, emigrou da Alemanha para o Brasil, com os pais e irmãos, em 1847. Eles teriam sido parte da primeira leva de colonos contratado pela Vergueiro e Cia, no regime de parceria, para trabalharem na fazenda Ibicaba, em Limeira, São Paulo.

Anton, que no Brasil se transformou em Antônio Fischer, nasceu em 27 de abril de 1823, em Flonheim, Alzey-Worms, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha. Ele foi casado com Elizabeth Barth, no Brasil o nome de sua esposa se tornou Izabel, mas não conseguimos precisar, ainda, se ele se casou no Brasil ou se veio casado da Alemanha. O casal teve comprovadamente 6 filhos, todos no Brasil, são eles:

Martinho Fischer (1850-1913)

Antônio Fischer Filho (1852-1909)

Henrique Fischer Sobrinho (1855-?)

João Fischer (1856-?)

Sebastião Fischer (1859-?)

Bárbara Fischer (1862-?)

Anton Fischer foi diretor da Fazenda Ibicaba. O nome dele é citado em livros que tratam sobre o trabalho dos colonos na fazenda, como o clássico Ibicaba, uma experiência pioneira, de autoria do historiador José Sebastião Witter, que aponta que os diretores de origem alemã Adolph Jonas e Anton Fischer detiveram o poder entre os anos posteriores a 1850 até 1867.

O nome de Anton ou Antônio Fischer também aparece no Livro Mestre da colônia Vergueiro, como assinatura nos documentos de contabilidade dos colonos, como no exemplo abaixo:

Contabilidade do colono Jacob Blumer na fazenda Ibicaba
Relatório de contabilidade do colono Jacob Blumer na fazenda Ibicaba

Alguns registros que abordam o período da revolta dos colonos contam que o diretor da fazenda Ibicaba, de sobrenome Fischer, era uma figura pouco apreciada pelos colonos e motivo de reclamações. Como diz esse trecho do livro Viagem às províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, de autoria de J.J. Tschudi (pág. 187): “Um dos piores elementos desta categoria miserável foi, sem dúvida, o diretor da fazenda Vergueiro, um certo Fischer, homem sem cultura nem educação, inominávelmente brutal, que veio a ter que se entender com a polícia e a justiça”.

Outros registros mostram que, após o período na fazenda Ibicaba, Antônio Fischer teria se estabelecido em Piracicaba, São Paulo, onde teria uma marcenaria. Tal empreendimento aparece em citações de obras como Piracicaba no Século XIX e Colonos na Fazenda Ibicaba, empresários em Piracicaba.

Após o período na fazenda Ibicaba e a possível passagem por Piracicaba, Antônio Fischer, possivelmente viúvo (não conseguimos precisar ainda a data da morte de Elizabeth Barth), se mudou para Rio Claro, ali ele morou na Rua Alegre, nº 05, atual Avenida Cinco e passou a trabalhar como negociante. Ele estreitou laços com a comunidade evangélica local, prova disso é que o nome dele consta como padrinho de casamento e de batismo em alguns registros luteranos.

Anton Fischer (administrador de Ibicaba) padrinho de Anton Koch
Anton Fischer (administrador de Ibicaba) padrinho de Anton Koch
Anton Fischer testemunha de casamento de Joahnn Laubenstein e Carolina Grahnert.
Anton Fischer testemunha de casamento de Joahnn Laubenstein e Carolina Grahnert
Anton Fischer padrinho de Anton Escher
Anton Fischer padrinho de Anton Escher

Em 08 de outubro de 1874, em Rio Claro, São Paulo, Anton Fischer, aos 51 anos, se casou, em segunda núpcias, com Paulina Grahnart, nascida em 11 de janeiro de 1846. Ela filha de Karl (Carlos) Grahnart e Margarida Grahnert, imigrantes provenientes da Turíngia, que também foram colonos em Ibicaba e chegaram no Brasil por volta de 1855/56.

Certidão de casamento de Anton e Paulina
Certidão de casamento de Anton e Paulina

Paulina Fischer faleceu pouco tempo depois do casamento, em 15 de novembro de 1875, em Rio Claro, São Paulo, onde foi sepultada no cemitério evangélico. O casal teria morado na Rua da Boa Vista, Nº 05, atual Rua Sete. O casal nao teve filhos.

Assento de óbito de Paulina Fischer, nascida Grahnert
Assento de óbito de Paulina Fischer, nascida Grahnert

O nome de Anton também aparece nos registros de membros/sócios do cemitério evangélico de Rio Claro, em 1879.

Lista de sócios do cemitério evangélico de Rio Claro
Lista de sócios do cemitério evangélico de Rio Claro

Antônio Fischer faleceu em 23 de agosto de 1884, aos 62 anos e foi sepultado no cemitério evangélico em Rio Claro, onde ele teria vivido seus últimos anos de vida. Sua residência teria sido na então Rua Alegre, Nº 5, atual Avenida Cinco.

Assento de óbito de Anton Fischer
Assento de óbito de Anton Fischer

Transcrição: Anton Fischer foi hoje aos 23 de agosto de 1884 – sepultado no Cemitério Evangélico local, natural da Alemanha, com 62 anos de idade.

Martin Fischer um patriarca da família Fischer no Brasil

Indícios mostram que Martin Fischer é um dos patriarcas pioneiros da família Fischer no Brasil e ainda mais se considerarmos apenas o estado de São Paulo. Ele teria chegado no Brasil em 1 de junho de 1847, como contratado pela Vergueiro e Cia, para trabalhar como colono, em regime de parceria, na Fazenda Ibicaba, em Limeira.

Ainda não conseguimos encontrar documentos que comprovem de fato que este Martin Fischer da Fazenda Ibicaba é o nosso antepassado, mas há fortes indícios de que seja ele. Há pouquíssimos documentos sobre esse período, o que dificulta a comprovação.

Além do registro no livro de abertura da Colônia Vergueiro, onde há o nome de Martin Fischer, nesta página há um indivíduo de nome Martin Fischer que emigrou em 1846, mas não se sabe para onde. Na primeira lista de Ibicaba há apenas os nomes dos chefes de família e nada mais, o que dificulta as pesquisas. Já em listas posteriores da Colônia há o local de origem, profissão, estado civil e o nome da esposa e ainda os dos filhos.

Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846

Os registros de emigrantes, na Alemanha daquela época, eram de forma incompleta; geralmente as licenças para saírem do país, assim como os passaportes, eram dos grupos familiares e, até onde sabemos, nem sempre mencionavam o nome das esposas ou dos filhos. Assim como na Alemanha, os registros de imigrantes no Brasil, daquela época, eram precários ou inexistentes.

Segundo o autor José Eduardo Heflinger Jr. em seu livro Ibicaba o berço da imigração europeia de cunho particular (pag. 37, 38, 39 e 40), ele cita que em 1846 o Senador Nicolau de Campos Vergueiro, a pedido do governo imperial do Brasil, tendo em vista o eminente fim da escravidão, empreendeu a busca por imigrantes interessados em virem para o Brasil, iniciando a substituição do trabalho escravo pelo trabalhador livre. O fato da Alemanha na época viver um período de grave crise, com falta de emprego, fome e frequentes conflitos internos e externos, motivava o alemão a ter interesse pela proposta de vida nova na América do Sul, mas segundo o autor, o interesse era maior da classe média urbana e não do pobre camponês, que vivia na roça e tinha medo de enfrentar o desconhecido. Por isso, muitos dos imigrantes que vieram para Ibicaba não eram lavradores, mas sim trabalhadores urbanos como marceneiros, serralheiros, sapateiros, ferreiros, pedreiros, entre outros.

A proposta de trabalho para o imigrante era o regime de parceria, no qual o contratante, no caso a Vergueiro e Cia, custeava a viagem do imigrante e seus familiares, que já saiam da Alemanha contratados, mas teriam que pagar essa dívida depois. Cerca de 450 pessoas, de várias partes da Alemanha, mas principalmente da Renânia e do Holstein, foram recrutadas na Alemanha e reunidos na cidade de Mainz. De lá foram para o Porto de Hamburgo, por onde deixaram a Europa em março de 1847. Ao chegarem no Brasil, em junho de 1847, desembarcaram no Porto de Santos 422 pessoas, sendo que 401 colonos foram encaminhados para a fazenda Ibicaba, onde tinham 34 casa aguardando para abriga-los. Na fazenda foram destinados a eles um pedaço de terra onde deveriam plantar ítens básicos para alimentação como feijão e arroz, no entorno da casa poderiam criar animais como porcos e galinhas. Outros alimentos eram vendidos para o colono numa espécie de armazém que havia dentro da própria fazenda. Cada família recebeu um número de pés de café que deveria cuidar. Parte do valor fruto das colheitas do café ficava para o fazendeiro e parte para o colono. Este dinheiro o colono usava para seu sustento e também para quitar sua dívida com o contratante. 

Depois de alguns meses na colônia, alguns imigrantes já celebravam a vida no Brasil e escreviam cartas para a Alemanha, contando como era a vida no novo país e muitas vezes convidando outros familiares para também emigrarem. Martin Fischer foi um dos colonos que escreveu uma carta para a Alemanha, em 1848, relatando como era a vida em Ibicaba e manifestando contentamento com o regime de parceria. Mas esta carta ainda não encontramos, seguimos em busca dela.

Apesar de não termos um documento que comprove, as pesquisam levam a crer que este Martin Fischer de Ibicaba seja o Martin Fischer casado com Catharina Elizabeth Stumpf. Este casal emigrou para o Brasil antes de 1851, prova disso é que um filho deles se casou nesse ano, em Limeira. Tal indício colabora para nossa hipótese de coincidência entre os Martin, que muito provavelmente se tratam da mesma pessoa.

Martin Fischer
Martin Fischer

Martin Fischer e Catharina Elizabeth Stumpf tiveram sete filhos que emigraram com eles para o Brasil:

Anton Fischer (1823-1884)

Johann Jakob Fischer (1825-?)

Johann Martin Fischer (1829-1912)

Friedrich Fischer (1831-?)

Heinrich Fischer (1834-?)

Catharina Fischer (1837-1892)

Phelipp Fischer (1843-?)

Martin Fischer nasceu em 1804 e sua esposa Katharina Elizabetha Stumpf em 1794. A diferença de 10 anos entre eles e no caso a esposa mais velha que o marido, embora pareça algo estranho, era comum na época.

Quando o casal emigrou com os filhos da Alemanha para o Brasil eles moravam em Flonheim, Alzey-Worms, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha. Ali eles se casaram e tiveram seus filhos, mas não conseguimos confirmar, ainda, se eles são naturais dessa localidade.

Sobre o matrimônio do casal conseguimos encontrar um documento de 22 de maio de 1832, uma espécie de revalidação do casamento. O registro, em alemão, é da igreja de Flonheim.

Casamento Martin Fischer e Catharina Stumpf
Casamento Martin Fischer e Katharina Stumpf

Transcrição e tradução: Após inscrição no registro matrimonial da paróquia civil de Flonheim, de acordo com a certidão do prefeito local, o casamento entre Martin Fischer de Flonheim e Katharina Elisabeth Stumpf de Flonheim, foi celebrado no dia vinte e dois de Maio de 1832 e foi publicamente abençoado pelo pastor protestante de Flonheim, após a proclamação ordinária anterior, hoje no dia vinte de dois de Maio de 1832.

Uma curiosidade sobre Martin Fischer e sua família é que antes de emigrarem da Alemanha para o Brasil, eles tentaram emigrar para os EUA, em 1837, mas por algum motivo ainda desconhecido, eles não se mudaram para a América do Norte e 10 anos depois, em 1847 desembarcaram no Brasil.

Cerca de 10 anos depois do início da Colônia Vergueiro, em 1857, aconteceu a revolta dos colonos, liderada por Thomas Davatz, como consta no livro Memórias de um Colono no Brasil. Os revoltados acusavam o regime de parceria de ser injusto e impor aos colonos uma situação de escravidão por dívida. Os colonos descontentes relatavam que com o valor que recebiam da parte que lhes cabia na colheita, mais o alto custo dos produtos adquiridos por eles no armazém da fazenda, era impossível quitarem a dívida com o contratante e ficarem livres para viverem suas vidas onde quisessem. Este fato com grande repercussão na Europa, obrigou o senador Vergueiro a comprovar que a vida dos colonos na fazenda não era tão ruim e para isso precisou demonstrar através de dados, que muitos imigrantes haviam quitado suas dívidas e deixado a colônia, livres para viverem suas vidas nas cidades e alguns deles com dinheiro suficiente para adquirirem propriedades. 

Este foi o caso de Martin Fischer, que é citado na lista enviada pelo Senador Vergueiro, que consta no livro Revolta dos Parceiros de Ibicaba (pág. 62) como um dos colonos que em 1857 já havia deixado a colônia Ibicaba com dinheiro e tinha propriedade. Ou seja, embora alguns colonos pudessem ter enfrentado dificuldade que motivaram a revolta, outros, especialmente aqueles em idade ativa, com saúde e família numerosa, com muitos filhos já em idade para trabalhar, conseguiram quitar suas dívidas com o contratante e estavam livres para viverem suas vidas como quisessem.

Não conseguimos precisar a data exata que Martin Fischer deixou a fazenda Ibicaba, mas há indícios de que no início dos anos 1850 ele já não estava mais na colônia e seu filho mais velho Anton Fischer já havia assumido uma função administrativa na colônia, como cita o autor José Sebastião Witter, no livro Ibicaba uma experiência pioneira (pág. 58), quando diz que de 1850 até 1867 os diretores de origem alemã Adolph Jonas e Anton Fischer detiveram o poder.

Mas mesmo com os exemplos bem sucedidos de colonos que pagaram suas dívidas e seguiram suas vidas no Brasil, a campanha contra a imigração pelo regime de parceria causou grande repercussão na Europa, especialmente nos países germânicos, que proibiram em 1857, após a Revolta dos Colonos, a vinda, de maneira legal, de mais imigrantes. Outros grupos de emigrantes deixaram a Alemanha posteriormente a proibição, mas muitos de maneira ilegal, sem a aprovação do governo local. Essa dificuldade maior para os recrutadores, fez com que eles fossem obrigados a buscar outros povos interessados na vinda para o Brasil. Foi então que começou a vinda dos italianos, que no final do século XIX e início do século XX povoaram o Brasil e se tornaram um dos maiores grupos migratórios do país.

Martin ou Martinho Fischer uma confusão inicial

Martinho Fischer e Martin Fischer

Quando iniciamos as pesquisas genealógicas sobre a família Fischer, descobrimos que nosso antepassado mais antigo até então, Henrique Fischer (1874-1939), era natural de Constituição, atual Piracicaba, São Paulo e filho de Martinho Fischer e Maria Dupre.

Este nome, Martinho Fischer, despertou nossa curiosidade quando descobrimos que um dos imigrantes da primeira lista de colonos da Fazenda Ibicaba se chamava Martin Fischer. Pensávamos que Martinho pudesse ser uma forma carinhosa de tratamento no diminutivo para o pai de Henrique.

Martin Fischer é um dos imigrantes recrutados em agosto de 1846 pela Vergueiro e Cia sob o contrato de trabalho no regime de parceria, para integrar o grupo de colonos pioneiros da Fazenda Ibicaba. Ele deixou o porto de Hamburgo, onde hoje é a Alemanha, rumo ao Brasil, em abril de 1847 e, depois de 42 dias de viagem pelo Oceano Atlântico, em 01 de junho, chegou em Santos, São Paulo, junto com os primeiros imigrantes contratados.

Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista original dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846
Lista dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro
Lista dos imigrantes no livro de abertura da Colônia Vergueiro em 1846

Depois de uma cansativa viagem, de Santos até Limeira, no lombo de cavalos e burros, em 16 de junho de 1847, junto com 75 famílias e 364 pessoas, Martin Fischer e sua família enfim chegavam na Fazenda Ibicaba, em Limeira, São Paulo.

Vale ressaltar que nesta lista dos primeiros colonos há apenas os nomes dos chefes de família e nada mais, diferente de listas posteriores da Colônia, que trazem dados como o local de origem, profissão, estado civil, o nome da esposa e ainda os dos filhos. 

Estávamos animados com nossas pesquisas, até descobrirmos que Martinho Fischer, pai de Henrique, nasceu em 1850. Com essa informação, comprovada pelo registro de óbito dele, em 1913, aos 63 anos, em Limeira, São Paulo, descartamos a possibilidade do nosso Martinho, ser o Martin Fischer que chegou em Ibicaba em 1847.

Mas não desistimos, nossas hipóteses levavam a pensar que Martinho pudesse ser filho de Martin. Continuamos as buscas até encontrarmos o assento de batismo de Martinho Fischer nos registros do Family Search.

No documento da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores consta que Martinho Fischer nasceu em 05 de setembro de 1850 e foi batizado em 05 de outubro do mesmo ano. Ele era filho de Antonio Fischer e Izabel Barth.

Assento de batismos de Martinho Fischer
Assento de batismos de Martinho Fischer

Transcrição: No mesmo dia e igreja batizei e pus os santos olhos no menino Martinho, de idade de um mês, filho de Antonio Fischer e Izabel Barth. Foram padrinhos Martinho Fischer e sua mulher Catharina Fischer.

Este documento mostrou que Martinho não era filho do Martin Fischer de Ibicaba, mas com a informação sobre seu pai Antonio, descobrimos que ele era na verdade neto. Isso porque Antonio Fischer é na verdade Anton Fischer, um dos filhos de Martin.

Um espaço para preservar a memória da família Fischer

Logo Família Fischer

Este website foi criado para reunir informações sobre a família Fischer. Este clã se originou onde hoje é a Alemanha e, ao emigrar para o Brasil, em 1847, se fixou no interior de São Paulo. Tais membros pioneiros se estabeleceram especificamente na Colônia Vergueiro, localizada na Fazenda Ibicaba.

Passado o período como colonos no regime de parceria nesta fazenda, os membros dessa família pioneira, mudaram-se para áreas urbanas. Algumas cidades como Limeira, Piracicaba e Rio Claro foram as primeiras escolhidas. Posteriormente, seus descendentes se espalharam pelo Brasil.

Aqui o leitor encontra um ambiente online com informações e dados sobre genealogia, movimentos migratórios, contexto histórico e aspectos sociológicos. Um panorama geral sobre a família Fischer e outras famílias que se uniram a eles através de matrimônios. Como as famílias: Stumpf, Barth, Dupre e outras, inclusive de origens diversas e não apenas germânicas.

Os conteúdos passam pela origem do sobrenome Fischer e os locais de origem dos membros da família na Europa. Falam um pouco sobre a imigração, as colônias no Brasil, a vida dos imigrantes nas colônias e pequenas cidades. Abordam a formação das famílias e, claro, a árvore genealógica.

Baseado em documentos como assentos de batismo, matrimônio e óbito da igreja católica e protestante, os conteúdos publicados trazem comprovações sobre os membros da árvore e seus descendentes. Além de registros civis e história oral contada por familiares que corroboram para a validade das informações.

Além disso, para a contextualização histórica e sociológica, os textos trazem referências bibliográficas. Importantes obras que tratam sobre os assuntos abordados no website servem como alicerce para a construção dos conteúdos.

Tudo isso ao alcance do clique, para preservar a história da família Fischer. Além de tornar público e, ao acesso de todos, esse conteúdo importante para todos que apreciam a genealogia.